Belíssimo
Meus olhos estão cansados de morrer. E morrem abertos anestesiados de um ai profundo. Eles sabem que no fundo de cada alma há sempre um abismo novo que compete com o abismo do outro, e que, somados, são o abismo de um povo. Meus olhos sentem as farpas, as farsas, as fissuras da estrutura dos mundos. Eles se banham silentes, face a indiferença de muitos. Mas morrem de pé como quem se recusa a quedar-se. Morrem eretos, como quem nem mesmo ante a morte se curva. Pois sabem enxergar o sol nas profundezas mais turvas. Nara Rúbia Ribeiro 30-09-17